Nero, imperador de uma facção criminosa, teria colocado fogo e provocado uma rebelião em um de nossos seguros presídios, somente pelo fato de tentar a libertação de Agripina, sua Mãe, que foi presa por dirigir bêbada pelas ruas da Vila Madalena, portando um 38 e alguns gramas de um pó proibido. Isso seria o real motivo do motim desta última semana.
Mas essa historia começa muito antes e precisa ser detalhada para que faça sentido. Nos final dos anos 90, Nero era um simples entregador de pizza e Agripina era manicure num salão da periferia paulistana. Numas dessas jornadas de Nero, mais conhecido como Nenê da Vila Vinte, começou a trabalhar na pizzaria de Sêneca, que era um amigo muito íntimo de sua mãe, que mantinha também um negócio paralelo e circulava a boca pequena que se tratava de algo ilegal. Nenê nunca esquentou com isso e sabia que sua mãe mantinha relações com o mesmo. Seu Pai tinha falecido após um acidente de trânsito numa via expressa, uma fatalidade para a família, pois morrera numa perseguição policial.
Agripina tinha como carma nessa vida seus envolvimentos com pessoas ilegais e como pode se ver, Sêneca era da mesma linha. Após alguns anos, Agripina e Sêneca resolveram se casar. Ele já estava bem estruturado e seu gerente era Nenê, o antigo motoboy de sua pizzaria, agora o mesmo só andava com cavalos de potência, colar de ouro e era adorado por todas as crianças do bairro, simplesmente por ser devoto de Cosme e Damião. Não deixava passar um mês sequer sem presentear todas as crianças do bairro. Tudo tinha mudado de virada e a comunhão de sua mãe tinha mudado para Nero. Seu mercado crescia de forma espantosa e ele sempre orientado por seu tutor; sua mãe fazia do negócio um progresso, cada vez mais ele era procurado por todos, suas viagens à Bolívia eram cada vez mais freqüentes e logo Nero teve que mudar, passou a morar nos Jardins, uma cobertura duplex de 450 m² com piscina e todos os serviços do qual Nero gostava. Seu mercado já virava uma grande família e cada vez mais Nero ia tomando conta da cidade. O que era apenas um negócio ilegal tinha se tornado uma facção, uma empresa poderosa que comprava o sistema e tudo o que via pela frente. Sua mãe Agripina cada vez mais se envolvia com bebidas e fazia daquilo o seu cotidiano, não demorou muito e por várias vezes a mesma foi tirada à base de grandes propinas de delegacias e blitz. Isso prejudicava a imagem da família e por vezes as buscas atrás de Nenê e Sêneca aumentava. Tudo era controlado com rigor e seriedade, como uma empresa normal se escondia na fachada de diversas empresas como concreto, restaurantes, etc.
Nero era muito violento e isso também acabou marcando sua personalidade, por várias vezes perseguia e decapitava suas vítimas ou traidores, ao mesmo tempo em que ganhava admiradores e leais seguidores, sua empresa ganhava desafetos, enquanto Sêneca se afastava mais dos negócios, só resgatava os lucros e era menos visado por todos. Logo Nero passou a dominar tudo, foi quando Sêneca e Agripina se divorciaram e o mesmo acabou se casando com Paulina; já não conseguia aconselhar Nero e então se afastou apenas com o que Nero lhe deu.
Sua mãe por várias vezes era flagrada em estado alcoólico deprimente e o uso constante do pó proibido fez da mesma uma vítima fácil. Ela já andava armada e por varias vezes foi pega por Nero em quartos de motéis em orgias com jovens. Nero então cansado das maluquices de sua mãe tentou de tudo pra sua recuperação, mas tudo em vão. Numa noite dessas Agripina foi presa pela quantidade de pó ilegal e por não ter porte de arma foi condenada a 8 anos em regime fechado. Isso para Nero foi o fim, sua família toda desestruturada e ele cada vez mais perseguido.
Numa noite de 8 de setembro, junto de toda sua facção, Nero teria ordenado a queima de um dos maiores presídios do Estado de São Paulo e começaram ali uma guerra contra o sistema, mas de nada adiantaria pois Agripina seria morta em uma dessas rebeliões, decapitada assim como Nero fazia com suas vítimas. Foi quando Nero pediu ajuda ao seu tio Calígula, que morava na Bolívia. Mais preocupado com o fracasso do sobrinho, junto a Sêneca bolaram um plano de matar o mesmo e tentar retomar os negócios, mas Nero, com a ajuda de seu amigo Epafrodito, combinou sua morte antes que o plano de sua morte fosse concretizado. Nero, então grande apreciador de artes, proclamou suas últimas palavras após ser apunhalado com uma faca de cozinha pelo seu único amigo “Que artista falece comigo”.
R. Davoglio
Revisado por Chu Mataveli