De todos os amores os que mais recordam são dos curtos, os longos só me deixaram a razão de não ter sido reais o suficiente para serem imortalizadas, marcas alguns deixaram, mas essa se quer são lembradas, acordo todos e ao me olhar nu nos espelhos convexos vejo apenas uma distorcida imagem daquele homem que já se retrucou muitas vezes diante da vida, passageira e rápida como um lobo atrás da sua presa, agora se torna vegetariano e não corre mais com a mesma vontade, anda solitário mais sempre cercado de pessoas interessantes, algumas nem tanto, mas é com essas que aprendemos a conhecer o reconhecível mundo.
Dissonantes no tempo de oito fazem a aurora boreal ser apenas um pequeno colorido diante da diversificação humana, sem gosto deixa apenas a marca do batom barato, os brilhos e afins ficam na iluminação contemporânea, vejo amigos presos e amigos a sumir, alguns andam de trás pra frente e voltam para tentar suprir o tempo que perderam quando ainda podiam dar o luxo de virar as madrugadas sobre a nebulosa cidade de São Paulo, perigosa e escura à noite sempre me chamou mais que o dia, mas viver entre carros, ruas e putas sempre foi algo tétrico vindo de alguém que cresceu a meio disso, algo que para alguns mortais é apenas diversão para nós foi por muito tempo a realidade, e nessa sociedade burguesa é de fato possível ver o quanto aquelas luzes vermelhas não se distanciam dos flashes das revistas que esbanjam em suas capas; casamentos, festas e toda a banalidade, quantos casamentos? Ali podemos visualizar um plano familiar sem questões morais, o que vale é o quanto se paga pela comodidade financeira, que orgulho das famílias em qual vemos relações duradouras, verdadeiras.
Mas se engana você que agora pode achar que não me agrada esse tipo de vinculo, é culturalmente incrível adentrar nesse mundo perverso, o coração palpita e por mais demagogo que pareça é maravilhoso, consigo visualizar toda a potencia cerebral que dentro de mim cabe, e por muitas vezes chego à conclusão que o que me faltou no passado foi por muito tempo o que me torna sustentável e camaleônico ao ponto de poder interferir em toda humanidade, mando e desmando e quando menos espero os lugares de destaque são os meus, sem perceber minha diferença abutre cego os olhos do luxo, a chaleira apita e o meu mate está pronto para ser degustado, abro a primeira folha do jornal, olho apenas as manchetes, a vida é calma e cama quando consegue controlar o ritmo, compasso por compasso atrai aquelas que do qual busca o tempo todo, algumas dessas pessoas diferentes do qual não imaginava estar segurando suas mãos, mas no fundo consegue ver um potencial, algo que agregue com sua inteligência, como um freio que vai te puxar bruscamente quando você se perder na lisérgica e rotineira pílula noturna, mais um gole? Acho que não, já deu por hoje? No fundo ela manda mais e você apenas obedece por que sabe que seu limite chegou e sua companheira também, o amor? Quem vive de sonhos não acorda para a realidade e muito menos paga o mínimo do cartão de credito, singular como Deus somos nós na terra do divino.
- Amor que vai querer para o jantar?
- Bem, aquela pasta, não se esquece de abrir o vinho, desliga o radio que essa musica está me dando dor de cabeça e liga a TV que a novela já vai começar.
- Claro, já estou indo, coloque a mesa.
- Te amo meu amor.
- Eu também te adoro